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O Olhar de Ana Manso
Coleção RAR 2020

Ana Manso é uma das protagonistas da mais recente arte portuguesa que detém esse privilégio: o de planar sobre a paisagem da história da pintura para daí retirar métodos e experiências que depois se traduzem em objetos singulares. Tal como na poesia, o modo como os elementos se articulam, os espaços entre eles, a respiração intuída, o ritmo e a polissemia são condicionantes vitais de obras que manejam uma gramática comum. 
Se nas pinturas verticais o suporte (um tipo de rede que a artista encontrou para o processo de refinação na fábrica de açúcar) determina o aparecimento da imagem enquanto sobreposição orgânica em que essa malha anterior não deixa de estar visível, nos desenhos o espaço preenche-se numa eclosão de cor e movimento de sugestão natural e paisagística.
O exercício, em ambos os casos, é determinado por uma evidência processual onde os gestos da autora se vão alternando e sobrepondo com intencionalidade evidente. Mais calculados ou espontâneos, não o saberemos: mas gosto de imaginar a própria surpresa da artista na finalização da obra.

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